Um conjunto de documentários produzidos para o canal Arte, sob o título Naturopolis, levam-nos a visitar grandes metrópoles para perceber como o pensamento ecológico se vai desenvolvendo no meio de cidades fortemente intervencionadas pelo homem. A Revolução Verde, como se intitula um dos episódios, acontece no seio de um processo de saturação do espaço das cidades onde vivemos, através de acções que visam encontrar uma nova vivência da comunidade em que nos inserimos.
Para que esta Revolução Verde tenha lugar, precisamos, primeiro, de entender que as cidades e vilas onde habitamos nos foram proporcionadas pela natureza. Foram as condições naturais destes locais que levaram os nossos antepassados a ocupá-los, pelo que esta se encontrará ainda presente no substrato das nossas cidades. O segundo passo levar-nos-á a procurar os sinais de ainda se manterão dessa situação inicial, compreendendo as situações de conflito que originam problemas e requerem soluções.
Por outro lado, a vida das cidades exerce-se numa constante dinâmica entre as decisões políticas que se tomam, a vivência individual de cada cidadão e a forma como estes dois movimentos condicionam a vida em comunidade. O histórico de más decisões na construção de cidades é, tantas vezes, óbvio, gerando espaços de não-vida, abandonados, que requerem uma acção de ocupação comunitária. Na Revolução Verde, a comunidade reivindica esses espaços para actuar sobre eles de forma a devolvê-los a condições naturais que possam reiniciar um ciclo de vida em comunhão entre os cidadãos e a própria natureza. Este exercício, nos exemplos observados, é bastante rico, criando uma nova relação com o espaço e alimentando uma identificação comunitária mais complexa.
Finalmente, a Revolução Verde passa também por influenciar politicamente as decisões que são tomadas com vista ao futuro da cidade. Se a prática activista funciona como rastilho para uma nova visão do espaço em que estamos integrados, esta deve constituir-se como capaz de participar de opções de construção, ordenamento e planeamento que respeitem a natureza dos locais onde vivemos e que potenciem uma evolução integrada das cidades.
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