Segundo o advogado em Macau Jorge Menezes, num artigo publicado no Jornal Público deste domingo, “cerca de 40 jornalistas, na sua maioria portugueses” foram convocados para uma reunião numa sala da Teledifusão de Macau (TDM), para lhes serem comunicadas uma série de diretizes que incluem “a divulgação e promoção do patriotismo, o respeito e o amor à pátria e a Macau; a TDM enquanto órgão de divulgação da informação do Governo Central da China e de Macau; a impossibilidade do pessoal da TDM divulgação informações ou opiniões contrárias às políticas do Governo Central da China, apoiando as medidas adoptadas por Macau.”
A liberdade de imprensa é uma das bases da vida democrática e livre. O condicionamento daqueles que trabalham nos órgãos de comunicação social transforma toda uma sociedade num espaço onde pensar, falar, ouvir, se podem transformar num crime. A censura, como sabemos, não precisa sequer de ser oficial. O plantar do medo, a imposição de uma sombra sobre a capacidade de exercer o seu trabalho em liberdade, é já uma forma de quebrar a confiança da população no que é reportado. Silenciar as divergências, os problemas e abdicar da discussão de opiniões mata a nossa condição. Pode-se, assim, um dia, acordar e perceber que o mundo caminha para um lugar onde não temos o nosso espaço de sermos quem somos. É antes que seja tarde demais que devemos começar a agir.