Elidérico Viegas foi, até hoje, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Deixou de o ser depois uma entrevista ao jornal i onde, para responder a uma pergunta sobre Portugal ter sido nomeado como destino turístico preferido na Europa, que “em relação a esses prémios só nós é que os conhecemos, o resto do mundo não sabe. São eleições feitas por entidades privadas que se regem por princípios económicos, de rentabilidade económica e, como tal, pagamos e ficamos no lugar que queremos. Estes prémios que andamos a apregoar com frequência são prémios atribuídos por estruturas ou organizações privadas que têm como fim o lucro e que vendem lugares em função dos preços que se pagam. Todos em Portugal compram bem isso, mas o resto do mundo não sabe nada. Ninguém sabe que somos os melhores do mundo, só nós é que sabemos.”
Se alguém escolheu um destino ou comprou um produto devido a um prémio conquistado nas condições descritas, tem o direito a sentir-se enganado. Mas creio que, para lá dos consumidores, são os portugueses que têm o direito a indignar-se com este tipo de práticas. Porque sendo verdade que Elidérico Viegas reforça que o resto do mundo não sabe destas conquistas, quantas vezes é que a apresentação de prémios semelhantes foi utilizada por autoridades nacionais, regionais ou municipais para justificar determinadas opções políticas, rumo a um “reconhecimento” que entendemos agora fruto de um simples negócio entre partes, onde a troca de um pagamento se recebe o “prémio” desejado? O jornal i publica na edição de hoje a sua investigação sobre uma possível fraude dos World Travel Awards, mas o tema tem o peso de nos deixar de olhos e ouvidos cada vez mais atentos a quem se tenta diferenciar, não pela qualidade do seu trabalho, mas pelos prémios que apresenta.