O desafio ético e a máscara - o contrato do eleito com a população

A governação pública faz-se, de forma constante, sob um desafio ético, o de adotar um comportamento que seja justo, virtuoso e transparente. Para além das opções programáticas e ideológicas que são tomadas na condução de uma instituição pública, reverte sobretudo a posição humana e a gestão das pessoas que esse lugar implica. É, quantas vezes, pela via do comportamento que o dirigente público se distingue dos demais, fomentando um exemplo que o leva a ser reconhecido como um bom líder. 

Ao mesmo tempo, na gestão quotidiana das instituições, conjugam-se outras tensões que aumentam o desafio. Ao encarar-se a instituição pública como uma empresa e ao confundir-se, em 2021, aquilo que é a temática da liderança e a imagem do “chefe”, geram-se demasiados equívocos que levam a uma degradação do discurso e do debate no espaço da pólis. O desafio ético é, neste caso, composto por duas camadas. A defesa do trabalho da instituição deve ser sólida o suficiente para abarcar a transparência de cada decisão, de nada valendo o esconder-se atrás de máscaras. 

O eleito para cargos públicos, seja ele ministro, deputado, presidente de câmara ou de junta de freguesia, deve por tal esforçar-se por ter sempre uma resposta para clarificar os seus atos de gestão. Mesmo quando estas ações se confundem com a vida partidária - e os tempos de pré-campanha eleitoral podem ser dados a essas confusões -, deve o eleito sempre entender que a sua tomada de posição deve ser clara e entendida pela população. Quem o faz, dando a cara pelos seus atos e pelas suas decisões, cumpre o contrato que estabeleceu no momento da sua eleição. Quem se esconde atrás da suposta necessidade de chefiar sem explicar, não compreende de todo aquilo que é esperado da sua função.