Temos muitas vezes o desejo de ver o mundo funcionar sobre um aparato lógico onde tudo faça sentido. É para esse ponto que somos empurrados desde pequenos, a ver a diferença entre o branco e o negro, o homem e a mulher, a noite e o dia. Regras simples que, muito cedo, percebemos como se tornam mecanismos que encravam facilmente.
Em entrevista publicada na Visão desta semana, Brian Greene, escritor e professor de Física e Matemática, fala-nos desta mesma operação. “A intuição diz-nos que o mundo é muito sólido e que segue padrões claros [mas] quando escavamos mais fundo, apercebemo-nos que o mundo é fundamentalmente quantum mecânico e que o acaso e a probabilidade são conceitos operativos”.Essa negação da aleatoriedade do mundo torna-nos pessoas menos hábeis de lidar com questões de identidade. A identidade pessoal, aquela pessoa que vemos no espelho, e que estamos sempre a tentar manipular para que seja mais parecida com um ideal construído. A identidade familiar, na forma como entendemos o que seria uma família feliz ou o grupo de amigos ideal. A identidade social, na forma como esperamos que tudo aquilo que nos rodeia continue a respeitar essa lógica da pedra.
Mas até na pedra nasce vida que se transforma. Nesse mundo de sentidos não consentidos, precisamos tanto de nos entender a nós próprios, como entender aqueles que vivem connosco em comunidade. Permitir-nos a aceitar as nossas incongruências para aceitarmos, também, que cada pessoa é o seu mundo, o seu caminho, as suas opções, a sua vida.
Sexo biológico não é identidade de género. Identidade de género não é expressão de género. Expressão de género não é orientação sexual. Orientação sexual não é sexo biológico. Esta segunda-feira, 17 de maio de 2021, comemora-se o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia.