A Europa é redonda (10)


O sorteio ofereceu-nos Inglaterra e Escócia no mesmo grupo, tal como acontecera da última vez que os escoceses participaram num Euro. O jogo foi marcado para Wembley, uma vez mais, como em 1996. Era de noite em Londres e chovia copiosamente. Todo o cenário estava montado para podermos assistir, em pleno Euro2020, a uma reedição da mais velha rivalidade da história do futebol. 

As cartas trocaram-se, com o passar dos tempos. Se os escoceses, na origem, eram conhecidos por terem um futebol mais associativo, agora são os ingleses quem tem, no seu onze, os craques para jogar com bola. Mas Steve Clarke tinha trunfos para lançar. O jovem Billy Gilmour estreou-se como titular e foi considerado o homem do jogo, Che Adams, na frente, foi uma dor de cabeça para a defensiva inglesa. Da parte da equipa de Gareth Southgate, noventa minutos a tentar furar a resistência escocesa não deu em golo.

O zero igual não nos deve afastar do essencial. Aconteceu história no relvado de Londres na noite passada. Talvez os nossos olhos cheios de futebol e exigência de espetáculo não nos permitam saborear, com um autêntico romantismo, a forma como a Escócia se bateu. Mas os adeptos que repetidamente nos mostraram na transmissão foram a face visível desse encanto. Um jogo que é mais do que um jogo. Uma página de uma longa história que nunca vai terminar.