É um erro comum, quando se tenta adaptar as nossas reações conforme interesses que nos são externos. A UEFA defende a utilização da simbologia do arco-íris pela igualdade, exceto quando essa igualdade entra em confronto quem defende a discriminação. Ou seja, temos os nossos valores, mas em caso de necessidade, encontram-se outros. Não há uma boa forma de explicar esta impossibilidade. Não é radicalismo considerar que todos temos direitos iguais. É a base da conversa.
Perante um movimento de vários países da União Europeia a reclamar contra a adoção de leis discriminatórias pela Hungria, Portugal, devido a ter, atualmente, a presidência da União, esconde-se num dever de neutralidade que, na verdade, é também um abdicar dos seus valores. Uma vez mais, condicionar aquilo em que se acredita conforme o interesse do momento. A melhor forma de ser neutro é a aceitação das diferenças que cada um de nós aporta para o diálogo europeu. Felizmente um pouco por toda a Europa as cores do arco-íris tomam conta do dia. Não são aqueles que recusam os direitos de todos os que acabarão por falar mais alto.
A preparar a antevisão do Portugal - França que, mais logo, se jogará em Budapeste, recebo no telemóvel um conjunto de sons de um encontro disputado neste mesmo dia, em 1984. Os relatos dos golos desse início de uma rivalidade que confronta portugueses e franceses na história do futebol. Confesso que me arrepiei com esta viagem no tempo. É uma dádiva podermos ter acesso à nossa história, exercer esse direito à nossa memória. Porque mesmo quando não ganhamos, sabemos bem aquilo porque temos que lutar.