A Europa é redonda


A Europa é redonda, como uma bola, que salta e desvia a sua direção de forma aleatória. Por causa da bola descobrimos como cada país se comporta perante o inesperado. O teste positivo de Sérgio Busquets mostrou-nos uma Espanha desconfiada, provavelmente conhecedora de mais dados do que aqueles que quis revelar (até porque já se juntou um outro caso, Diego Llorente), preparando desde logo um Plano B que deixa levar até ao limite o conhecimento de que lista de jogadores teremos para representar La Roja.

Também foi o caso Busquets que nos permitiu saber que a seleção portuguesa se tinha precavido, vacinando a maioria dos seus jogadores em maio, processo que, desta feita, decorreu sem presença de presidente ou ministro da república, nem cobertura mediática. Teria sido um bom exemplo para os desconfiados da vacina e um mau exemplo para os desconfiados dos favorecimentos, parecendo assim que as polémicas só são boas quando as coisas não são apresentadas como dados consumados. O que está feito, feito está. 

No fim-de-semana passado Jorge Valdano escrevia n’A Bola que já não sente grande antecipação pelo Euro, dado que existe um excesso de futebol. Creio que Valdano tem, acima de tudo, saudades de ser mais jovem, de ter uma vida que lhe permitia colocar todo o foco naquela que era a sua paixão. O tempo leva-nos a ser mais mais desprendidos e, com isso, mais saudosos do passado. Quando era miúdo nenhum futebol era excessivo e, perante várias opções, podíamos sempre escolher. Verão com Euro ou Mundial era verão onde não convinha ter uma namorada que não gostasse de futebol. Decisões difíceis tinham que ser tomadas. A antecipação, essa, já foi diferente, mas não deixou de existir por aqui. 

Amanhã a Europa começa a rolar no relvado de onze cidades do continente.