Os vencedores conquistam um lugar na história de quem não viveu os acontecimentos, as equipas mais divertidas conquistam um lugar na memória de todos aqueles que puderam assistir aos jogos. Por isso mesmo, depois do jogo de ontem, é inevitável que as nossas preferências se inclinem para a Itália. Pela forma como os seus jogadores se entregam ao jogo, pela maneira como se divertem a fazê-lo, pela sugestão de transformar o jogo em algo muito mais intenso do que qualquer outra coisa que possa estar a acontecer no mundo naquele momento.
Também por tudo isto a lesão de Spinazzola, o homem que vinha sendo uma das figuras da Itália e que, num momento de aceleração, acabou por romper o tendão de Aquiles, lesão que o exclui do Euro 2020 e o vai deixar fora de competição durante muitos meses. Num primeiro momento, parecia apenas estar com um problema de esforço muscular. Mas rapidamente, na transmissão televisiva, se percebeu que algo mais grave se passava. Spinazzola chorava convulsivamente e eu, na cabine de comentários, esforçava-me para não chorar também.
Roberto Mancini conseguiu construir uma equipa que joga de uma forma que pouco se liga com as suas experiências mais recentes como treinador de clube. Arrisco a dizer que isso é, de facto, ser treinador. Aquele que olha para os jogadores que tem consigo e alinhava uma estratégia para retirar o melhor desse grupo, criando-lhe uma identidade própria. Demasiadas vezes vemos treinadores a imporem as suas ideias aos jogadores, de forma que não deixa espaço para que o grupo se exprima no seu máximo potencial. É necessário deixar espaço para que isso aconteça. Em Itália, com Mancini, é assim. Ainda bem, para todos nós.
Aqui está disponível o vídeo do meu programa de ontem na SIC Notícias, Ingleses dão música no Europeu.