A Europa é redonda (24)


O futebol como ele é. A Espanha foi igual a si própria, em tudo. Na forma como consegue dominar em posse, algo que nenhuma outra equipa foi capaz de fazer neste Europeu. Na maneira como elabora em progressão com jogadores que conseguem antecipar todos os acontecimentos. Na linha como acabou por se descoser uma noite que poderia ter sido de Álvaro Morata. Depois de ter marcado um golo que o recolocava como potencial herói da noite, acabou por permitir a defesa de um penálti que lhe marcará negativamente a memória deste verão. Nunca terá sido tão difícil ser Morata. 

O futebol como ele é. A Itália a ir a jogo com a sede de pressionar e provocar o erro na posse de bola espanhola. A perceção de como essa decisão lhe começava a custar a perda de controlo do que acontecia em campo. A necessidade de reposicionamento. A procura das fechaduras onde reequilibrar a luta. O nunca deixar de procurar de fazer a diferença nos momentos com bola. O sorriso e a ferocidade de Chiellini a alimentarem esta autêntica montanha russa. O remate de Chiesa. O tamanho de Donnarumma a fechar a baliza no momento decisivo. Sonhar é possível. O que não significa que seja fácil.

O futebol como ele é. Disputado até ao ínfimo pormenor. A misturar a vontade de jogar com a necessidade de impedir que o outro jogue. O olhar no marcador, pela vantagem, pelo tempo que se esvai, pelo tempo que demora a passar. O futebol enquanto evento que simula a vida, de uma forma acelerada, de uma forma trágica, emocional. A imperfeição que resulta da imensa qualidade das duas equipas em campo. Algo com que uma pessoa se pode identificar. Algo que poderemos lembrar. Para sempre.