10 de julho. Devia ser feriado. Há cinco anos, mais pela noite, Éder desferia o pontapé que nunca mais esqueceremos. Um golo que transformou a história, tornando Portugal campeão europeu. Um dia que tornou todos os esforços feitos pela estrutura federativa justificados, porque se alcançou o topo que poucos conseguem pisar. Muitas vezes ignoramos tudo o que é preciso para se ter tanto sucesso. Muitos ainda acham que foi apenas um remate, um golpe de asa. Mas não, bem mais do que isso. O culminar de um conjunto de esforços que, felizmente para todos os portugueses, redundou numa conquista.
Hoje, Fernando Santos desdobra-se em vários meios de comunicação para fazer a sua análise do que aconteceu no Europeu. Um Europeu português, por assim dizer. Esclarece as sensações internas de um grupo que deixou pistas no que fez em campo. As dificuldades para enquadrar Bruno Fernandes. O peso da ausência de Cancelo. A forma como vê o esforço estratégico, o desenvolvimento dos jogadores, o entendimento do trabalho de selecionador, o contributo de Cristiano Ronaldo. O selecionador português faz o esforço para comunicar parte do seu processo. É um esforço necessário. Mas a profunda reflexão interna obrigará a sua equipa técnica a trabalhos redobrados. O estatuto traz uma responsabilidade que se mede em resultados - na forma como se ganha ou perde, mas sobretudo na forma como se vai a jogo.
É esse o peso que fica deste processo entre Europeus. O peso de uma equipa que se vai transformando no corpo dos seus jogadores, que coloca novas exigências ao selecionador, que não pode fugir à comparação com a forma como as outras equipas se apresentam - as que ganham, mas também as que perdem. A análise de Fernando Santos não se agarra ao que aconteceu em 2016, tende a olhar para o desafio seguinte. Mas não nos podemos esquecer que todos escrevemos uma história. Uma história que tem princípio, tem meio e terá fim. E o seu legado não será apenas o dos resultados. A cada jogo que vier, Fernando Santos será sempre lembrado não só pelo que colheu, mas também pelo que plantou.