Uma questão de oportunidade


[Anéis Olímpicos - 7]

Jorge Fonseca e Patrícia Mamona não nasceram num meio onde o desporto fosse uma possibilidade. Os dois talentosos atletas que conquistaram medalhas para Portugal, ele de bronze, ela de prata, precisaram de uma oportunidade para evidenciar todo o seu potencial. Essa oportunidade nasceu de programas que visam a integração através da prática desportiva. No Desporto Escolar, encontraram resposta para afirmar o seu valor e foi a partir daí que se consolidaram no caminho para a glória olímpica. Não nos podemos esquecer, no momento da festa, do passo que tem que continuar a ser dado para outros talentos tenham a mesma oportunidade.

Em entrevista ao jornal A Bola, o selecionador de andebol Paulo Jorge Pereira explicou porque Portugal só chegou ao Japão quatro ou cinco dias depois dos seus adversários. “A federação não tem dinheiro para poder investir em dias de estágio aqui. Quando nos dizem que não há dinheiro, não há. Temos de nos adaptar a essa circunstância”. Os resultados alcançados pela representação desta modalidade não foram os melhores, mas no desporto de alta competição tudo depende das oportunidades. Aos jogadores, que conseguiram o enorme feito de conseguir um apuramento dado como impossível, não foram oferecidos os meios para poder lutar ao nível do seu potencial. É uma boa explicação do que vivemos por cá. 

Entre o sucesso e o insucesso, em práticas de enorme competitividade, a diferença é mínima. Não basta ser-se o melhor do mundo, é preciso ter a constante preparação para se afirmar nesse confronto. Rodrigo Francisco, diretor do Festival de Teatro de Almada, fala hoje no jorna I do confronto com o público quando trazem para as suas salas espetáculos de outras companhias. “Ensina-nos a compreender que nunca podemos pretender ter certezas”. É por isso que nenhum programa é definitivo, porque com o tempo mudam as suas condicionantes e com o aparecimento de melhores atletas também crescem as exigências para garantir resultados. As medalhas significam festa para quem as ganha, mas devem obrigar a reflexão para quem tem a obrigação de criar as condições para que essa festa se repita no futuro.