Comecei este ano a ignorar o que ele tinha para me dar. O desafio lançado pelo Sérgio Galvão foi de um atrevimento digno de quem acredita na possibilidade de se oferecer para tornar a sua cidade, o seu concelho, melhor. Juntei-me com um conjunto de pessoas que transformou a minha vida. Levando-me ao limite, obrigando-me a uma exigência e a uma capacidade de decisão que supera qualquer experiência que tive anteriormente. Tudo o que fiz preparou-me para isto, mas o processo de criação do Unidos por Torres Vedras abriu-me perspetivas inimagináveis.
O resultado alcançado nas Eleições Autárquicas demonstram bem como é possível com trabalho sério, uma equipa de gente abnegada e com qualidade e a crença na transformação podem levar-nos a deixar marca nas vidas dos nossos concidadãos. 8.216 pessoas votaram no Movimento Cívico, elegendo dois vereadores e seis membros para a Assembleia Municipal, enquanto na Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães 3.305 pessoas elegeram seis pessoas para uma Assembleia de Freguesia que deixa de ter maioria. Não termos repetido esse efeito a nível Municipal é um amargo de boca, que nos deixa bem claro o caminho que teremos que traçar nos próximos quatro anos.
Porque é certo, viemos para ficar. Seis meses de existência demonstram bem como o nosso esforço tem sentido. Imaginem o que quatro anos podem fazer. O nosso programa é sólido e fomos a única força disponível para discutir ideias e propostas para o Concelho. Se é certo que o Partido Socialista venceu estas eleições, e por isso merece os meus parabéns, também é certo que muitos os que acordaram hoje do lado dos vencedores tiveram que o fazer indo contra as suas mais profundas convicções. A esses, entrego os meus sentimentos.
Olhando os resultados
O Partido Socialista manteve o poder na Câmara Municipal de Torres Vedras perdendo 3.307 votos, o que lhe oferece uma maioria que reflete apenas 39,97% dos votos. Houve um sinal claro dado pelos torrienses de que os últimos quatro anos não corresponderam e acaba a maioria de vereadores por se basear na existência de muitos votos dispersos pelas candidaturas que não elegeram vereadores. A maioria dos vereadores não corresponde à maioria dos eleitores.
É isso que dá força aos vereadores do Unidos por Torres Vedras. A curta existência permitiu um bom resultado, uma excelente base de futuro, que permitirá acompanhar por dentro a realidade da autarquia, que funcionará como proteção aos interesses dos torrienses e trabalhará para, dentro de quatro anos, se voltar a apresentar a eleições.
Os 4.409 votos perdidos pela coligação PSD/CDS-PP mostram bem como nem a escolha de candidato, nem as ideias apresentadas colheram junto da população. Um sinal que obrigará as forças de centro-direita a repensarem a sua estratégia, algo que deverá começar a ficar claro na forma como se apresentará no novo Executivo Camarário. A Aliança de Cidadãos foi, ao mesmo tempo, um dos vencedores e um dos derrotados destas Eleições. 1.977 votos permitem-lhe ser a maior das forças que não lutaram pela vitória, mas a sua campanha permitiu que o PS mantivesse a maioria. Uma responsabilidade que fica clara na análise da distribuição dos vereadores pelas forças mais votadas.
A CDU e o Bloco de Esquerda perderam, em conjunto, 998 votos, alcançando resultados abaixo das expetativas, enquanto o Chega não conseguiu demonstrar-se relevante no Concelho de Torres Vedras, apesar de ter um eleito na Assembleia Municipal. Nas Freguesias, para além da perda da maioria em Santa Maria, São Pedro e Matacães, o Partido Socialista perdeu ainda a Freguesia de Campelos e Outeiro da Cabeça, onde o PSD/CDS-PP volta a comandar. Algo que fará, também, na Ponte de Rol, com uma vitória retumbante do anteriormente candidato independente Pedro Vaza.
Algumas lições sobre eleições
Alcançar este resultado num tão curto espaço de tempo mostra bem como as pessoas estão sedentas de novidade. O mesmo resultado demonstra, no entanto, que o trabalho programático, as ideias e a discussão não chegam para fazer a diferença. Será necessário aprofundar a forma de comunicar com a população, sobretudo no território tão largo e com tantas zonas tão fragilizadas pela ausência de população ou de atividade cívica. É isso que o Unidos por Torres Vedras e todos aqueles que a nós se quiserem juntar propõem começar a fazer desde hoje.
A grande lição destas eleições é humana. Ser transparente, ser sincero, falar a verdade, são características que devem impor-se na discussão política. Estar aberto ao entendimento e a trabalhar para a evolução da sociedade em que nos inserimos é fundamental. Tive oportunidade de conhecer gente muito válida e disponível a sacrificar-se pelo concelho. Essa mais-valia deve ser respeitada e alimentada. É ela que, no futuro, saberá fazer a diferença.
Finalmente, a certeza de que todo este esforço valeu a pena. Dediquei muitas horas e muito trabalho a este movimento, à custa da minha disponibilidade para o trabalho e para a família, à custa da minha saúde também (que isto de andar com elevadas cargas horárias de trabalho e decisões importantes para tomar não fará bem a ninguém). Conheço-me melhor, conheço melhor o que tenho para dar e mantenho-me disponível para o que aí vier. Quem está comigo sabe como seguimos Unidos. Quem se sentir capaz de fazer a diferença connosco, encontrará a porta aberta para continuar esta caminhada.