Caminhos


Ainda há por aí quem confunda a carícia que a mão do poder oferece com liberdade. O favor de quem manda é sempre uma mensagem de imposição. Pode-se ter um palanque, uma foto e até um título, quando a estrutura de comando se fragiliza na sua própria insegurança, falar é sempre um exercício de repetição. 

Também por isso há quem apareça e desapareça. Gritos que se tornam mudos, vontades que só existem veladas, mensagens que se evaporam da noite para o dia. A consistência de um caminho é aquela que deixa rasto pelo chão, não a que se apaga com um frágil fluir de espuma. 

Disse-o há uns meses, numa sala de gente que se preparava para assumir um compromisso com a sua vontade de mudar de rumo. Não estou aqui por ter sido calculista ao longo da vida. Lembro-me, uma e outra vez, daquele verso de Samuel Úria, o ter sido um mau exemplo faz de mim um bom exemplo. E é nesse caminho, que reflete como as dúvidas são mais fortes que as certezas, que continuarei a andar.