Os dados mudaram


Mais vale cair em graça do que ser engraçado, um provérbio que se aplica bem a quem, perante a falta de ideias, se escuda na tentativa do humor. É um humor de perdição, lembrando o Herman José, onde se vão perdendo oportunidades de pensar o concelho e entender que o cruzamento de diferentes propostas sempre encontra melhor caminho para alcançar objetivos - tanto que quarenta e cinco anos de gestão do Partido Socialista demonstram bem como a ferrugem se instala no discurso do poder quando este não é confrontado.

É também uma questão de mau ambiente, porque quando se perseguem prémios se esquece, tantas vezes, que o mais importante é o processo transformador. Um concelho que contrai empréstimos para alcatroar estradas por todas as freguesias em vésperas de eleições, um concelho que se tenta escudar de discutir os impactos de um centro de transferências de resíduos próximo de zonas habitacionais, um concelho que descura os seus rios e se entrega a inevitabilidades perante a intervenção na recuperação de um pulmão verde na cidade, é um concelho que merece prémio, só que não é verde.

No Portugal dos pequeninos, acede-se com a cabeça ao chefe, elogia-se a bravura dos fracos, cala-se a boca com medo da represália. Chama-se a atenção como quem acena o indulto perante o crime da liberdade. Entra-se na corrida para manter tudo na mesma, porque mudar dá trabalho e dizer mal é uma distração apropriada para as “forças vivas” da cidade. Arriscar não está no ADN de quem se esconde perante o combate. Mas não há piada ou tentativa de silenciamento que esconda a evidência. Os dados já mudaram. Quem tiver que se sentar à mesa para discutir o futuro do nosso concelho, terá que fazê-lo preparado.

Conferência de imprensa de apresentação do Programa Eleitoral do Unidos por Torres Vedras