Trabalhar contra a polarização


A polarização vende e não precisamos de sair de casa para o perceber. Pela televisão, pelas redes sociais ou pelos jornais, são as notícias que separam as águas aquelas que merecem maior destaque, fornecendo do mundo uma imagem trágica, teatral, que nos prenda à narrativa como uma boa telenovela. É nesse território de radicalização dos acontecimentos que se desenrolam as discussões impossíveis de resolver, pela forma como visões tão contrastantes se constroem no exacto negativo umas das outras. 

No entanto, num estudo promovido pela More in Common nos Estados Unidos, os dados dizem-nos que apenas 14% da população se situa nos extremos mais radicalizados, sendo também esses que são mais vocais nas redes sociais, encontram espaços mediáticos para influenciar a opinião pública e participam em ações de rua que tendem a ter grande acompanhamento pelos meios de informação. A grande maioria, chamada de Maioria Exausta, não se situa nestes terrenos de polarização. Apesar de adotarem posicionamentos ideológicos diversos, estão disponíveis para o diálogo, tendem a procurar soluções que se apliquem a problemas concretos e não a visões partidarizadas, estão cansados das fragilidades das soluções políticas baseadas em promessas que parecem nunca se cumprir. 

Estamos perante o cenário onde o tribalismo tende a contaminar todo o discurso, mesmo quando a via do diálogo é o espaço mais desejado pela maioria. Complica-se, ainda assim, quando a capacidade de ter voz parece mais limitada a essa imensa maioria que procura soluções equilibradas do que às franjas radicalizadas da população. Encontrar espaços de transformação da participação cívica torna-se assim essencial para caminharmos para uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais saudável e democrática. 


Estudo Hidden Tribes

Site da More in Common