Não é preciso fazer uma longa viagem, saindo do centro de Torres Vedras, para encontrar um Concelho que vive à espera de respostas. No dia de ontem, na Freguesia do Maxial e Monte Redondo, a poucos minutos da cidade, enfrentámos a desolação de aldeias vazias, sem vida, tentando combater um declínio que, ao dia de hoje, parece impossível de conter. Parece estranho que mesmo num concelho do litoral as assimetrias entre litoral e interior sejam tão marcantes. Mas a A8, ao atravessar o território, marca essa fronteira.
Lembrando a vitalidade que a antiga freguesia de Monte Redondo tinha há 20 anos, ver todas as lojas e cafés fechados ao início da tarde chega a ser doloroso. Na Ermegeira há apenas uma pequena mercearia aberta, onde a dona se queixa de não haver gente por ali. À segunda-feira, a sede da Sociedade Filarmónica está fechada. O campo de futebol, onde tantas vezes acompanhei o meu pai, já nem balizas tem. O aproximar à sede da freguesia dá uns parcos sinais de vida. Em Vila Seca, na Ereira, na Folgorosa, na Aldeia Grande. Era também já o fim da tarde a fazer os seus efeitos, com as pessoas que largavam os seus afazeres profissionais.
Em todo este território há um potencial enorme no sossego que oferece, nas vistas que promete, nos benefícios que pode oferecer, tão perto da cidade. Faltam transportes, faltam passeios, faltam incentivos ao emprego, outra das queixas que se ouve das pessoas com quem se fala. É um território que fica para velho, quando tem o potencial para viver no auge da sua juventude. Não é um território único. É uma imagem de Portugal. A periferia cria as suas próprias periferias e, naturalmente, essas criarão as suas, num movimento eterno de ausência de respostas públicas aos problemas das pessoas. É isso que, de uma maneira ou outra, terá que acabar.