Viver ao nível das nossas possibilidades - o que falta


Existem duas coisas que ficam muito claras nos meses de pré-campanha que me levaram, no âmbito do Movimento Cívico Unidos por Torres Vedras, a visitas a grande parte das freguesias do Concelho. Por um lado, o enorme vigor de um tecido económico que existe, tantas vezes, invisível para a generalidade da população. São centenas de empresas e milhares de pessoas envolvidas em atividades que enriquecem o concelho e que necessitam de um outro tipo de apoio de quem está no poder. Um acompanhamento sistemático, a colaboração na visão de futuro e o apoio no momento de assumir riscos. 

A outra coisa é que apesar de vivermos num concelho onde os níveis de qualidade de vida são, em média, altos, estamos muito longe de poder sossegar na execução de um plano global de atendimento às necessidades das populações. As Juntas de Freguesia mantém-se reféns, em termos orçamentais e estruturais, da Câmara Municipal. As pessoas não se sentem escutadas nem acompanhadas e vão-se acumulando pequenos problemas (a licença de obra que ficou esquecida, a estrada que não está terminada, os passeios que nunca foram pensados, a rede de esgotos que fica aquém do necessário, a associação que não encontrou forma de alargar as suas atividades, os transportes que não correspondem às necessidades,…) que tornam a vida das populações piores do que deveriam ser.

Nenhum destes casos passa nas televisões, nem é possível de ser auscultado por medidas nacionais. São casos que dependem totalmente de uma política de proximidade, do entendimento do território, do conhecimento das pessoas, da disponibilidade para trabalhar de forma equilibrada por todo o concelho. Acontece em Torres Vedras e acontece em todo o país. É este desligar entre poder local e população que tem funcionado como elemento perturbador do crédito que a política deveria ter junto das pessoas. É por aqui que as respostas devem ser encontradas para se viver ao nível das possibilidades que o país e o concelho oferecem.