Acordos pós-eleitorais: quais e porquê?


Para a grande maioria da população as eleições autárquicas terminaram no dia 26 de setembro, com o conhecimento dos resultados da votação realizada durante o dia. Essa votação foi a expressão da vontade popular, elegendo um conjunto de representantes que, no Executivo Municipal, na Assembleia Municipal e nas Assembleias de Freguesia, cumprirão o mandato que receberam. A expetativa de quem votou é, sem dúvida alguma, que cada um dos seus representantes siga o programa que apresentou, adaptando as suas posições aos contextos em que acabou por ser se encontrar nos diferentes órgãos. É nesse sentido que os acordos pós-eleitorais devem ser observados, analisados e refletidos. 

Existe uma falta de hábito gritante de analisar a forma como as diferentes forças partidárias interagem na composição dos diferentes órgãos autárquicos. É um assunto que escapa ao crivo das populações porque carece, na grande maioria dos casos, de um anúncio claro de como acontece e é alcançado. O mais certo é que poucos saibam o que aconteceu nas primeiras reuniões das Assembleias de Freguesia de Dois Portos e Runa e de Santa Maria, São Pedro e Matacães, os dois casos que, no concelho de Torres Vedras, carecem de entendimento da Assembleia para a eleição de Executivo e Presidência da Assembleia. 


As opções da CDU e do Partido Aliança em Torres Vedras 

Quem, nestas duas freguesias, votou na Coligação Democrática Unitária (CDU), acabou por votar em atitudes diferentes. Se em Dois Portos e Runa a CDU se uniu à Coligação Afirmar Torres Vedras (PSD-CDS-PPM) para acabar por eleger a sua lista para a Presidência da Assembleia de Freguesia, já em Santa Maria, São Pedro e Matacães, a CDU acabou por integrar o Executivo escolhido pelo PS e facilitado com o voto do Partido Aliança. Essa mesma conjugação, composta por PS, CDU e Aliança, acabou por eleger uma mesa composta totalmente por representantes do PS. 

Que explicações nos pode dar a CDU em relação a opções que apontam para estar com os vencedores numa freguesia e com os vencidos noutra, adotando comportamentos diferentes em relação a um PS que domina, a partir da Câmara Municipal, toda a vida das freguesias deste Concelho? E que justificações pode dar o Partido Aliança para, quando todo o seu discurso se baseia em crítica à governação local e as suas opções, a nível nacional, caem quase sempre para estar próximo de forças como o PSD e o CDS, acabar por ser a peça que faltava à engrenagem para manter o poder do PS em todos os órgãos da maior freguesia do Concelho de Torres Vedras?

Por uma questão de transparência, os cidadãos do nosso concelho merecem uma resposta clara sobre as opções de cada força partidária, para melhor compreender o que aconteceu na campanha, em quem se votou nas eleições e o que podemos esperar para os próximos quatro anos de vida no poder local.