O que a formação desportiva ensina sobre uma organização


A experiência formativa no desporto ensina-nos quase tudo aquilo que precisamos de saber sobre o equilíbrio necessário para levar uma organização ao sucesso. A generalidade de equipas desportivas em idade de formação cria-se a partir de um conjunto de elementos sem grande conexão anterior e sem profundo conhecimento da modalidade a que aderem. Fazem-no por influência dos pais, por proximidade dos amigos da escola, por algum encanto que a mesma lhe sugeriu num contacto aleatório (proximidade do clube, presença nos meios de comunicação, etc). Ao juntarem-se num campo, esses jovens começam, no imediato, a ter que lidar com a necessidade de organização, mesmo que os primeiros exercícios sejam de promoção do contacto livre com os elementos que a modalidade exige. 

O sentimento de pertença à equipa vai sendo delineado através da ação do treinador, que na complexidade dos exercícios propostos, no afinar das técnicas utilizadas e na aproximação a momentos competitivos, desenha um processo de integração desses vários elementos dispersos e de organização das suas características com vista ao bom funcionamento do grupo. Uma equipa é sempre feita de elementos muito diferentes, com missões diferenciadas, a trabalhar em conjunto para um objetivo comum. No entanto, neste processo, sabemos que existem sempre intervalos de necessidade de afinação. A conjugação dos vários elementos na equipa cria problemas de liderança, com a formação de pequenos grupos preferenciais e de lideranças provisórias, que devem ser orientadas, sempre, para o alcance do bem comum. 

A generalidade das equipas é confrontada com o voluntarismo de um ou mais dos seus elementos, que transportam o seu génio para modificar alguns dos processos coletivos desenhados. Esses momentos, sendo que podem ocasionalmente resultar numa alteração positiva dos processos, são quase sempre situações de stress na equipa, o que obriga a um reforço das regras e das responsabilidades de cada um. As boas equipas têm treinadores que compreendem bem todas as dinâmicas existentes no grupo e se alinham conforme à sua união em torno dos objetivos predefinidos. As boas equipas aproveitam as forças de todos os seus elementos e coordenam-se para que o seu máximo potencial seja alcançado. As boas equipas estão quase sempre mais perto de vencer. 

Nas organizações, todas estas questões são constantemente colocadas, muitas vezes em graus de complexidade mais elaborados, porque o calendário difere em termos da marcação de momentos. Se uma equipa enfrenta uma série de jogos e campeonatos que estão bem delineados, nas organizações esses desafios são mais constantes e aleatórios, ou seja, provocam maiores situações de stress, caso não exista a capacidade de antecipar o problema que é necessário enfrentar. Ainda assim, a riqueza das organizações é elevada por essa mesma composição. Aquilo que aprendemos na formação desportiva, oferece-nos as ferramentas necessárias para compreender como nos devemos posicionar em cada momento. Para o bem da equipa, para o sucesso da organização.