Num mundo onde as experiências se sobrepõem aos critérios, nada é suficientemente bom, nada é realmente satisfatório. Encerra-se, no horizonte pessoal e individualista, todo o potencial do mundo, para desvalorizar o que acontece para lá da cerca do quintal. É uma atitude que se plasma por todo o lado. Nas redes sociais, na televisão, nos jornais, nas conversas de café, nas duas ou três palavras que se trocam quando se cruza com alguém na rua. Uma menorização constante daquilo que é realizado pelo outro.
Hoje dedica-se menos tempo a ver o filme completo e mais tempo a analisar o frame que nos comprova o erro. O insuflar do erro enquanto tema genérico das nossas análises força a inexistência de um reconhecimento de qualidade, de esforço, sequer de dedicação. O caminho que se percorre acaba assim por nos empurrar ao vazio. Se o foco no erro nos leva ao desfocar do processo, dificilmente ganharemos consciência de quantas vezes temos que acertar para cometermos um erro visível.
Daí que seja necessário dar um passo atrás, à procura de construir um critério para analisarmos o que acontece no mundo. É necessário compreender que a análise pelo negativo não constrói nada mais do que ruído para assentar olhares, sem que o cérebro seja convocado à ação. Procurar ler de forma complexa aquilo que nos aparece perante os olhos como simples, fácil, é o caminho para poder promover uma verdadeira alteração do mundo em que vivemos. E, sim, comecemos pelo quintal de cada um. Os critérios universais assentam em esforços individuais que acabarão por se alinhar na sua evolução.