Os vários ramos do corpo comum


Fica mais difícil desenharmos o nosso lugar no mundo quando a capacidade que detemos para gerir a informação disponível não avança à mesma velocidade que a torrente que nos persegue. Não é por isso estranho que tantas pessoas se sintam ameaçadas pela necessidade de se estar atualizado sobre todo e qualquer assunto. Perante a impossibilidade da tarefa, é natural que a reação seja de acosso e apontar de culpas a quem, aparentemente, está sempre a colocar mais pesos em cima da balança. 

Escolher o conforto do lugar que não abana também não resolve nada daquilo que o mundo nos exige neste século. É, na prática, um contrassenso considerarmos que a visão que detemos está completa e se aplica a todo e qualquer caso. Porque a torrente nos obriga a, pelo menos, a um movimento de acondicionamento perante um contexto em constante mudança, um sinal que seja da nossa capacidade e abertura para entendermos os novos lugares que são criados pelo tempo que passa. 

É neste clima de insegurança, ameaça e encerramento em bolhas que devemos procurar um caminho que permita alcançar o seu exato contrário. Trazer todas as pessoas para um lugar de segurança, onde possam expressar as suas dúvidas e ter tempo para elaborar as suas visões. Compreendê-las num espaço de entendimento e harmonia, que integre as dificuldades sentidas com as oportunidades que surgem desta tensão. Encarar a necessidade de todos os lados formularem as suas posições, de maneira a perceber que é na diferença que se criam as condições para crescer. Sem buscar falsas unanimidades ou consensos, mas respeitando que o corpo que se almeja nasce de ramificações bem diferentes.