Porque estamos onde estamos, porque voto em quem voto


Muitos dos eventos que nos levam a dizer que vivemos em tempos difíceis são situações que se repetem há muitos séculos. A capacidade de conexão entre pessoas em diferentes partes do mundo evoluiu, mas isso serve, sobretudo, para reforçar os traços naturais dos humanos e as suas escolhas, realizadas tantas vezes de forma impulsiva, pouco informada, egocêntrica e sem grande atenção às regras. Apesar de tudo isto, conseguimos viver em comunidade, o que nos deveria ser o suficiente para querermos manter essa capacidade durante mais uns tempos.

Começada a campanha eleitoral, mantemo-nos no mesmo centro de incompreensões que pouco alimentam as necessidades da realidade. Já todos percebemos que o problema que se começará a colocar após o dia 30 de janeiro é a maneira como cada força partidária será capaz de utilizar a sua voz para colaborar para uma solução de governo. No entanto, vive-se numa constante sensação de diabolização das opções. Quem escolhe estar do lado do último Governo (porque este falhou), quem escolhe estar do lado de quem brinca (porque os tempos são sérios), quem prefere opções que não vão ganhar as eleições (como não se tratassem de eleições parlamentares), quem decide não prestar atenção suficiente (como se a democracia tivesse um longo historial de racionalidade). 

Também por isso não deixam de chegar constantes convites à publicidade, seja dos partidos, seja dos institutos que estes partidos utilizam, sejam ainda construções à volta de situações do passado que nada de bom nos poderão trazer (quem acredita que um discurso de Margaret Thatcher vai resolver algum problema do século XXI está, claramente, a precisar de uma aula de história). Ainda nesta linha de pensamento, insiste-se muito em buscar posições de partidos ou de áreas ideológicas que pouco contribuem para uma decisão clara sobre em quem votar, procurando em posicionamentos perante algumas situações da política internacional ou opções privadas deste ou daquele candidato temas de campanha para vilipendiar um programa que não leram. 

Tudo isto é uma espécie de lixo desnecessário que se acumula perante a nossa parca disponibilidade de atenção para tomarmos posições conscientes sobre o nosso futuro. Deixamo-nos levar pela ideia de que vamos escolher um Primeiro-Ministro quando, na verdade, vamos definir a composição de um parlamento que será bastante mais essencial para atingir uma sociedade mais justa, um quadro de estabilidade e uma solução que nos permita algum tipo de progresso na nossa situação para os próximos quatro anos. É nesse quadro que, perante as propostas das várias propostas dos diferentes partidos, sendo eleitor no Distrito de Lisboa, vou votar CDU. Pela necessidade de termos pessoas como a Alma Rivera e o Duarte Alves no Parlamento. Pela consciência de que é nas questões sociais que nos devemos focar para encontrar um quadro de maior justiça e igualdade no futuro dos portugueses e daqueles que escolhem aqui viver. Por acreditar que é necessário um Governo que dialogue à esquerda para assegurarmos esse quadro de evolução.