Vivemos na ilusão do entendimento único do mundo, entrando na guerra pela verdade como aqueles que a desdenham sempre desejaram e alinhamos numa corrida louca para um dos lados da barricada, sem tentar compreender a complexidade daquilo que nos é apresentado. Se a moeda tem dois lados, a forma como o mundo se equilibra terá muito mais.
Seria um problema da forma como aprendemos História, egocentrada no esforço e glória dos nossos antepassados culturais, colocando tudo como um combate entre vencedores e vencidos. O mundo, no entanto, continuou a existir a diferentes velocidades, domínios, línguas e políticas.
Mas nos acontecimentos mais recentes, aqueles que ainda precisam de tempo para que a sua História possa ser escrita, mantemos a cegueira e alinhamos demasiado rápido por conclusões que encurtam a possibilidade de entendimento do cenário global. Compramos mais depressa a bandeira do que abrimos um livro ou tiramos um tempo para pensar.
O mundo é composto de muitas visões diferentes dos acontecimentos. Um posicionamento entendido sobre aquilo que se passa deve saber pesar os vários lados de cada conflito. Quando falhamos nesse esforço (e há aqui um nível de responsabilidade variado, governos terão mais responsabilidades que um órgão de comunicação social, tal como este terá mais responsabilidades do que um indivíduo), falhamos no contributo que podemos dar para o mundo em que vamos viver quando a tensão amainar.
É aqui que começamos a perder a corrida para aqueles que desdenham a verdade. No mundo de hoje, onde o acesso é mais alargado do que nunca, abriu-se espaço para uma guerra de informação em campo aberto. O que está em causa não é a conquista de uma verdade única, de uma visão única do mundo. O que está em causa é a aceitação das nossas diferenças. É esse o combate onde se deve centrar a nossa atenção.