Legislativas 2022 - Os resultados em Torres Vedras


O concelho de Torres Vedras seguiu, grosso modo, as tendências a nível nacional, com o Partido Socialista a conquistar a vitória no território, algo que, no século XXI, apenas não aconteceu em três de sete eleições legislativas. Sendo também essa, como se sabe, a tendência encontrada em eleições autárquicas, onde o PS conquistou nova maioria absoluta em 2021. Com uma ligeira quebra percentual comparada com os resultados nacionais, de 41,68% para 39,52%, ao alcançar 16.984 votantes, o PS fez a sua segunda melhor marca do século, apenas superada pelos 17.150 de 2005. Por falar em melhores marcas, ainda que em termos percentuais não seja esse o caso, em termos absolutos, estas foram as eleições mais concorridas do concelho, com 42.973 votantes, 61,68% do universo de inscritos.

O PSD recuperou ligeiramente do tombo sofrido em 2019, alcançando 11.821 votos (por comparação com os 9.862 de há dois anos), mantendo-se próximo em termos percentuais, subindo de 25,48% para 27,51%. Longe parecem ir os tempos das vitórias seguras de 2011 e 2015 (esta, em coligação com o CDS-PP). A tendência nacional de perda para o PS e a dispersão de votos à direita são contributos claros para este declínio, para mais quando CH e IL têm percentagens superiores em Torres Vedras do que alcançaram nos resultados nacionais. O CH representa agora 8,72% do eleitorado, enquanto a Iniciativa Liberal soma 5,93%. Em conjunto, somam 6.299 votantes. 

Bloco de Esquerda e CDU tiveram grandes quedas em relação a 2019, com os bloquistas a terem o seu segundo pior resultado do século XXI (só em 2002 tinham estado abaixo deste valor) e os comunistas a terem a pior marca deste século. O BE somou 4,77% das preferências, o que se reflete em 2.048 votos (depois de ter tido 3.632 em 2019), enquanto a CDU teve 4,13% expressos em 1.776 votantes, depois de ter tido 2.314 votos há dois anos. À esquerda, assinala-se o crescimento do LIVRE, que passou a oitava força, com mais percentagem (1,57% por comparação com 1,23% em 2019) e mais votantes, passando de 475 para 675 votantes.

São ainda assinaláveis as quebras do CDS-PP, que ficou abaixo do seu resultado nacional com 1,40% e uma perda de mais de mil votantes, de 1.642 em 2019 para 602, bem como do PAN, que tendo superado o seu resultado nacional (1,58% em Torres Vedras), caiu de 1.344 votantes em 2019 para 681. O Aliança, que há dois anos tinha tido 548 votos, confirmou o quase desaparecimento nacional com apenas 101 votos. 

Olhando para as freguesias, caso a caso, o pódio PS - PSD - CH confirma-se em quase todos os casos, com duas exceções. Na Freguesia de Santa Maria, São Pedro e Matacães, é a Iniciativa Liberal que termina em terceiro lugar, enquanto na Freguesia de Dois Portos e Runa o terceiro lugar pertenceu à CDU. No que toca à quarta posição, o Bloco de Esquerda consegue alcancá-la nas freguesias de São Pedro da Cadeira e Turcifal, enquanto a CDU confirma-a nas Freguesia de Maxial e Monte Redondo e na Freguesia de Carvoeira e Carmões. Nas únicas freguesias onde não entrou no pódio, o CH foi a quarta força. 

Em suma, a tendência do concelho está claramente marcada por um predomínio do PS, alastrando para as eleições nacionais a marca das eleições autárquicas. O PSD tem uma presença segura como segunda força, mas não consegue vencer em nenhuma freguesia do concelho, com Campelos e Outeiro da Cabeça, a freguesia a que preside, a ser o território onde teve melhor percentagem, 33,66%. O CH e a IL têm agora um forte crescimento eleitoral, não se expressando, no entanto, no que toca a implantação no terreno. No passado, BE acabou por assumir estas dinâmicas, sem nunca as conseguir passar para as eleições locais. A CDU perde expressão a nível de votação, mas assinale-se o paralelo com o resultado alcançado para a Câmara Municipal nas Autárquicas, onde alcançou 1.784 votos para 1.776 nestas Legislativas. Os restantes partidos têm presenças residuais e mesmo aqueles que têm eleitos na Assembleia Municipal, como o CDS-PP ou o Aliança, parecem irremediavelmente fora da corrida da reformulação que se assiste na direita.