Às nossas portas


Não nascemos num mundo que nos tenha preparado para o pior, ainda que o mal esteja sempre à espreita, nas ambições e nos conflitos gerados pelo poder, na ânsia e na pouca razão daqueles que exploram o mundo e as pessoas em busca dos seus ganhos. Como a tantos outros em tantas outras partes do mundo, acontece que a guerra surja às nossas portas, mais abertas com o acesso que nos és oferecido por um mundo envolto numa rede digital e com câmeras em todo o lado.

Uma resposta emocional ao drama da guerra é uma reação perfeitamente humana. O nojo e o medo que a invasão nos causa ameaça retirar-nos do conforto de pensar que os combates se fazem com palavras e ideias. Aos inocentes que vivem debaixo do bombardeamento, aos seus amigos e familiares, não temos como pedir um pouco de razão. Mas sabemos que as guerras se combatem com lógica e estratégia frias, à beira de um precipício onde se perdem vidas humanas, planos de vida, países inteiros. 

O que podemos evitar é que nos transformemos naquele que pretendemos combater. O que podemos é continuar à procura das linhas com que se cozem os desequilíbrios de quem não demonstra viver no nosso tempo, de forma a desmontá-las. O que podemos entender é que para lá daqueles que comandam os países, existe uma população que tem diferentes ideias e ambições e esperanças, muitas, de viver num mundo sem guerra. Pensemos nisso enquanto não nos abalroam a porta. Para que o nosso combate tenha sentido na busca de uma resolução e não na escalada do conflito.