Futebol 2030, uma oportunidade


O plano estratégico apresentado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Futebol 2030, tem o grande mérito de nos obrigar a refletir sobre a importância do desporto nas nossas vidas e de como o futebol, enquanto modalidade e através da sua federação, se tem sabido posicionar de forma constante no entendimento das dinâmicas que gerem a nossa sociedade. Com este plano estratégico, a FPF procura alinhar uma série de percursos e processos com metas definidas e enquadradas na candidatura à co-realização, com Espanha, do Mundial desse ano. 

A identificação das forças de mudança no futebol indicam, desde logo, uma capacidade de desprendimento de preconceitos que pululam no futebol e na forma como muitos ainda o vêem. A importância dada à tecnologia, ao aumento da presença das mulheres, aos esports e aos impactos das novas fontes de receitas, alinhadas com a incerteza sobre o futuro, demarcam um território de compreensão que vão para lá das fronteiras habitualmente demarcadas. Ao abraçar a existência do futebol como uma força que está presente no quotidiano das pessoas durante toda a vida, o futebol coloca-se também desafios exigentes e para os quais serão precisas noções fortes daquilo que se quer, mas também da forma como se pode fazer. 

As ambições são elevadas mas conscientes. O reconhecimento do futebol como uma ferramenta desportiva, educacional e social, como veículo promocional do país no mundo, como elemento promotor da igualdade e da integridade, ser exemplo de sustentabilidade e exemplo de formação. Ou seja, posicionar o futebol como elemento de referência em todas as áreas que toca, aproveitando para se transformar na forma como se encontra com o seu público, envolvendo-o, trabalhando na maneira como se relaciona com os seus agentes, responsabilizando-os, evoluindo na exigência que coloca a si e aos seus parceiros, agregando-os nos espaços de decisão e promoção. 

Para o conseguir, a FPF terá que garantir que lidera de forma inequívoca o futebol em Portugal. Este plano estratégico tem pela frente, para lá de todos os seus objetivos expressos, um outro que se poderá transformar numa autêntica revolução: ser uma verdadeira agência do futebol português nas suas diversas existências. Para tal, para lá de formar um novo quadro de elementos (que vai dos jogadores aos treinadores, dos árbitros aos dirigentes, dos familiares ao público em geral), terá também que ter a capacidade de intervir como delineador de estratégias de competição, de organização e de comercialização. Dotando a Liga Portugal de uma nova função e reorganizando a forma como os clubes se relacionam entre si. 

O sucesso do plano Futebol 2030 é uma grande oportunidade para Portugal. Concretizando-se nos seus processos e objetivos, dotará o país de capacidade de aproveitamento de recursos que, creio, dificilmente terá tido paralelo nas últimas décadas. Oferecendo ao futebol e ao desporto o papel que sempre teve, de forma algo sombria, envergonhada e diminuída por quem de direito, dotando-o de uma força e de uma expressão que, organizadas, transformam todo o meio onde se insere. É fundamental que todos, nos papéis que detemos, tenhamos essa consciência e a capacidade para nele participar. 

Consulta o plano em https://futebol2030.fpf.pt/