Não há Carnaval que não mereça uma boa polémica. Aliás, a sua natureza satírica e contra-poder é feita dessa provocação aos poderes instituídos que tanto animam todos os foliões que saem à rua para festejar o Carnaval de Torres.
A proposta feita aos grupos carnavalescos de levar a Embaixada Real ao Palácio de Belém é uma boa partida de Carnaval. Uma boa partida porque, ao que parece, aquilo que foi já não é e, dizem-me, do programa atualizado a mesma visita já não faz parte, tendo sido escondida em anónima "comitiva".
O poder da ilusão é digno dos bons mágicos. O que ninguém gosta é de um mágico que deixa as fraldas da ilusão de fora. Quando a Câmara Municipal e a Promotorres promovem uma visita ao Primeiro-Ministro por ocasião do Centenário, o que estão a fazer é a trair a essência do mesmo.
Não é sem surpresa, no entanto, que esta proposta acontece. A Comissão de Honra do Centenário do Carnaval de Torres tem mais Presidentes de coisas várias e Vereadores de várias coisas do que foliões que dão o corpo ao manifesto pelo Carnaval.
É natural que os primeiros tenham indicação errada dos Ministros a quem devemos atender no Carnaval. É de esperar que esse tipo de tecnocracia não compreenda a real natureza do ser-se Fidalgo.
O erro cometido tem uma consequência nefasta. De repente, já ninguém aponta a falta de noção de quem propõe tal visita, mas avalia o que disseram ou fizeram outros sobre essa proposta apagada dos registos.
Se não estavam capazes para se meterem no Carnaval, reza a razão que ficassem em casa. Agora, dividir o que o Carnaval tende a unir, as gentes de Torres Vedras em redor da sua festa e da sua paixão, é partida sem grande graça.
Estão muito bem aqueles que, apesar da barraca armada, se deslocam a Lisboa para cumprir a tradição nos locais onde é tradicional ir. Tal como estão muito bem aqueles que sentiram a barraca de outra forma e farão a festa que bem entenderem.
Quem não esteve nem está bem é quem anda há anos a querer institucionalizar por aí. A querer formatar o Carnaval de Torres para um futuro onde o Carnaval é obediente e segue quieto e calado pelo traçado por mão obscura apontado.
A terminar deixo-vos esta mensagem. Como está aí o Carnaval, façam um favor à gente, e não fiquem de trombas!
Viva o Rei e a Rainha do Carnaval!
Vivam os Fidalgos!
Vivam as Flauzinas!
Vivam as Lúmbias!
Vivam As Marias Cachuchas!
Vivam os Ministros & Matrafonas!
Viva a Real Confraria!
Vivam os SácAdegas!
Vivam todos os grupos informais do Carnaval!
Vivam os Foliões e Folionas!
Viva o Carnaval de Torres!